No início, era apenas uma fita cassete, que ninguém sabia de onde tinha vindo. Cópia da cópia da cópia da cópia de um cara que tinha arrumado num centro comercial lá da Tijuca. O amigo de um amigo que tinha ido a uma festa no Lins. Tudo longe, longe. Era o início dos anos 90, ainda dava para colocar a fita no tape deck (ah, que palavra saudosa) e deixar rolar. Só que o som era sujo demais. Você só ouvia os palavrões mas não dava para entender direito que a história tinha uma seqüência: um advogado telefonava para um local pensando que falava com a Telerj. Pessoas fingiam ser da Telerj. Depois, um cara atendia e dizia, “grandes merdas ser adevogado” (com e no meio mesmo). Dias depois, a mesma turma ligava para o advogado – um certo Luiz Pareto – e perguntava se o conserto tinha sido adequado. E o pau quebrava de novo. Menos de cinco minutos de gravação, anos e anos de gargalhadas.Aí veio a Internet e o “trote do advogado”, hoje “Trote do Pareto”, se popularizou de vez. A invasão de privacidade chegou ao extremo. Negozinho chegou ao ponto de ir na “Rua da Assembléia Número 10, mas amanhã não tem ninguém” só para fotografar a placa onde diz que o escritório do Pareto era ali (abaixo).
Descobriram que o Pareto morreu. Comunidades inteiras ficaram de luto. Milhões de homenagens por todo o país. Fizeram até remix do trote para tocar em festa. Arrumaram a foto do advogado no site da OAB (abaixo). A Paretomania chegou a tal ponto que, no Rio, existe o telefone 3378-1010 que, em tese, abriga uma versão gravada para o ouvinte curioso.
O advogado Luiz Henrique Pareto nunca teve idéia da popularidade dele. Se fosse candidato a deputado federal pelo Rio, ganhava fácil. Era só ter um bordão como “Rapaz simpático, agradável, e no entanto perde seu tempo com bobagem” ou “Parece que sim. Parece. A respeito de quê?”, pronto, milhares de eleitores vazios de esperança e de exemplos em quem se mirar iriam votar no Pareto. Quem não conhece o trote, tem oportunidade de clicar no Youtube ao pé do post para entender a catarse. Mas aconselho a não ouvir perto de pessoas de idade ou de crianças, é palavrão a rodo, e palavrão da pesada. O advogado fica tão enraivecido dos moleques que infernizam sua vida (esses jamais apareceram) que manda-os, er, “sugar” a região de excreção de alimentos já digeridos da progenitora deles. É uma explosão de raiva.Em comunidades do Orkut, é comum que as pessoas discutam qual parte é a preferida do trote. Eu gosto muito da parte em que o algoz se identifica como Eliseu Drummond, da Telerj, “bom dia”. A formalidade cínica do cidadão é impagável.
Fonte: Eclipse
domingo, 18 de maio de 2008
Trote da Telerj
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